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Advogado Graduado na Faculdade de Direito de Garanhuns-PE e Pós Graduando em Direito Penal e Processo Penal pelo Complexo de Ensino Damásio de Jesus.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Da relação de emprego; Do aviso prévio e Da extinção do contrato de trabalho por justa causa pelo empregador.




É sabido que a regra é que o contrato de trabalho seja por prazo indeterminado, pelo princípio da continuidade da relação de emprego, que significa dizer que o contrato deve contiunuar , garantindo de uma forma ou de outra estabilidade ao empregado.  Saiba que o que caracteriza o empregado segundo a CLT é é toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário. (Art. 3º CLT). Assim sendo, se você presta serviços com eventualidade a alguém, e tem dependência deste para seu sustento e percebe um valor mensal em pecúnia, você é empregado. Observe que tem que ter a não eventualidade e o salário, configurando a dependência. Voltando então ao assunto do contrato de Trabalho, a regra é que seja por prazo indeterminado justamente pela estabilidade que é necessária ao empregado. Há entretanto, formas de extinguir-se esse contrato de trabalho por tempo indeterminado, e são elas:  Falecimento do empregado; falecimento do empregador, se pessoa física ou de firma indivídual; força maior; falência da empresa; a extinção; o distrato; pedido de demissão; culpa recíproca; despedida (ou rescisão) indireta; a dispensa por justa causa também conhecida de resolução; A dispensa sem justa causa também reconhecida de Risilição.
Antes de extinguir-se um contrato de trabalho, é necessário um comunicado prévio, podendo inclusive sofrer pena de indenização, entenda que isso só ocorre por uma extinção do contrato de trabalho imotivada. Havendo motivos justos, pode ser extinto o ocntrato de trabalho sem o prévio aviso, más será garantida da mesma forma o prazo. Nos casos de demição imotivada, em contrato de trabalho por prazo indeterminado, a partir do momento do aviso, é tacitamente celebrado um contrato por prazo determinado, de no mínimo trinta dias da demissão, já que deve ser o empregado avisado. Caso o empregador não dê o aviso prévio, é computado no mínimo os trinta dias do mês na hora do pagamento, ou seja, imagine que Fulano foi demitido dia 17 de Agosto, só será considerado extinto seu contrato no dia 17 de Setembro, ainda isso tenha ocorrido no dia 23 de Agosto por exemplo. Se houver reajuste salarial nesse período de aviso prévio, o trabalhador é beneficiado, obviamente, proporcionalmente o seu período trabalhado. Saiba que nesse período de aviso prévio, o empregado tem direito há 2 horas diárias a menos no seu horario de trabalho, ou pode optar por trabalhar menos uma semana durante os trinta dias do aviso prévio, Assim sendo, terá reduzida a jornada  de trabalho em 2 horas, ou terá menos uma semana de trabalho no mês. A intenção desse dispositivo da CLT, é que o trabalhador possa procurar outro emprego como forma de tentar garantir o próprio sustento. Caso o empregador venha a desistir antes dos 30 dias do aviso prévio, é facultado ao empregado aceitar ou não a sua desistência, podendo não aceitar.    
Importante também é saber que o aviso prévio é dado também pelo empregado ao empregador nos casos de pedido de demissão. Ocorrendo essa hipótese, de o empregado comunicar ao empregador, este, o empregador, não pode renunciar ao prazo de 30 dias caso o empregado venha à aparecer com um substituto, sob pena de caracterizar dispensa sem justa causa, pois estava em periodo de aviso prévio (Art 490 CLT).
Uma das formas de extinção do contrato de trabalho por iniciativa do empregador é a justa causa que pode ser:
1)    Por um ato de improbidade: quando empregado lesa de alguma forma a empresa, ou subtrai um bem e é desonesto.
2)    Por incontinênca de conduta: Isso nada mais é que a pratica de atos de conotação sexual, contrária aos bons costumes, moral e ética.
3)    Por negociação habitual: Quando o empregado por contra propria ou alheia, prejudica a empresa fazendo negócios fora dela que venham a concorrer com a empresa, como uma equipadora de carros por exemplo, que tem um funcíonario que instala som fora da empresa sem o consentimento do dono, com um cliente da loja.

4)    Condenação do empregado por Crime já transitado em julgado: Isso não inclui prisões preventivas, temporárias, a fase de inquérito policial, só se aplica aos casos de transito em julgado, ou seja, ações que não caibam mais recurso.
5)    Desídia: Seriam as más vontades, desinteresses, desatenção do empregado.
6)    Embriaguez habitual ou em serviço: Observe que deve ser habitual, isso é caracterizado pelo funcionário que usa o alcool ou outra substância em serviço ou for a dele por livre e espontânea vontade e denigra a empresa, diferentemente do alcoolatra que deve ser socorrido pelo auxilio do INSS.
7)    Violação de segredos da empresa: Quando informado coisas confidenciais da empresa pelo empregado.
8)    Indisciplina: Desrespeito as normas e condutas da empresa
9)    Abandono do emprego: Acontece se o empregado abandona por mais de trinta dias o emprego, ou se for este comunidado pelo empregador e não comparecer no prazo fixado por este, desde que seja pessoalmente notificado.
10)  Ato lesivo a honra ou boa fama: Se o empregado Difama, ou declara coisas infamantes contra qualquer pessoa, salvo em legítima defesa. Acontece ainda em casos de agressão física.
11) Práticas constantes de jogos de azar: há entendimentos divergentes na doutrina a respeito dessa prática, sendo aceita somente as que em virtude da prática, prejudicarem o empregador.


Em casos de empregados domésticos, não será aceita a justa causa  ainda que eles cometam a negociação habitual e violação do segredo de empresa.
Há ainda as causas de extinção do contrato de trabalho por inciativa do empregado, que serão discutidas em outro momento mais oportuno. Espero que eu tenha conseguido em termos gerais, ilustrar um pouco do universo da Relação de emprego,  do aviso prévio e extinção do contrato de trabalho por justa causa pelo empregador.










quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Estupro e Estupro de Vulnerável



A lei 12.015/2009 alterou coisas bastantes relevantes, inclusive o título VI do Código penal,  juntando os crimes de estupro e atentado violento ao pudor em um só. Até então, atentado violento ao pudor era um crime autônomo,  e o Título VI levava o nome de “ Dos crimes contra os Costumes”, passando a ser chamado após o advento da lei, de “ dos crimes contra a dignidade sexual”. O capítulo I por sua vez é intitulado de  “ Dos crimes contra a liberdade sexual”.
O artigo 213 do Código Penal ( CP), definia antes da lei 12.015/2009 o crime de estupro da seguinte forma:
Art. 213 - Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça:

Após o advento da lei 12.015/2009 observe como ficou com a alteração:

Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos:
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2º Se da conduta resulta morte:
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
Observe que com a alteração, o dispositivo modificou a forma de se consolidar o estupro, incluindo o atentado violento ao pudor ao crime de estupro. Entenda que  para ser configurado o estupro agora, basta tão somente praticar ato libidinoso sem o conscentimento da vítima, de forma violenta ou sob ameaça, ainda que não haja conjunção carnal. A conjunção carnal é a penetração do pênis na vagina da  vítima, e o ato libidinoso pode ser carícias indevidas, o sexo anal, oral,  o beijo sem o conscentimento, que quando praticado com violencia ou grave ameaça, pode configurar estupro, pois , qualquer ato para satisfazer a lascívia é ato libidinoso, isso inclui fazer no agente do crime, ou deixar que ele faça. Pode ser praticado em homem ou mulher, e pode ser o agente homem ou mulher. Lascívia é um comportamento desregrado com relação aos prazeres do sexo. Fiquemos atentos ao fato de que anteriormente, só era configurado o crime de estupro se praticado com grave ameaça ou violência, e com conjunção carnal. Perceba que há um aumento de pena no caso da vítima ser menor de 18 anos e maior que 14 anos, ou resultar lesão corporal de natureza grave. Em relação a esse fato é dado o nome de estupro qualificado pelo resultado. Se resultar morte da conduta, a pena será de 12 a 30 anos. Saiba que no caso do agente não conseguir chegar ao objetivo desejado por meios alheios a sua vontade,  é caracterizado tentativa de estupro.
A lei 12.015/2009 também alterou a lei 8.072/90 que trata dos crime hediondos, passando também a ser reconhecido o crime de estupro como crime hediondo.
Outra forma de estupro que está elencada no artigo 217-A, é o chamado estupro de vulnerável. Que segundo o referido artigo é ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos, sendo a sua pena de 8 a 15 anos, e também é aplicada aos que praticarem  as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. No crime de estupro de vulnerável, diferente do estupro, é caracterizado ainda com o conscentimento da vítima, ou seja, ainda que permitido por algum dos vulneráveis haverá o crime. Nesse tipo de crime, não há violencia ou grave ameaça, justamente pelo fato da vítima dizer que consentiu. Isso não muda nada em relação a aplicação da lei, pois o agente não deveria ter feito a conduta delituosa. Podemos considerar vulnerável a pessoa que ainda não completou 14 anos; pessoa portadora de enfermidade ou doença mental, que não tenha o necessário discernimento para a prática do ato; pessoa que por qualquer outra causa não puder oferecer discernimento. Recentemente foi veículado pela mídia um caso acontecido em um Reality Show, onde segundo imagens, alega-se que um indivíduo aproveitando-se do estado alcoolismo da suposta vítima, praticou o crime de estupro de vulnerável, uma vez que segundo alega-se, ela não oferecia resistência. Os fatos ainda não foram apurados, portanto, não cabe a mim explorar mais sobre o caso, mas, há uma situação peculiar nisso: será que a vítima realmente estava em estado que não podia resistir ? Essa avaliação é muito peculiar, e deve portanto ser minusciosa, pois há de levar-se em consideração que há casos em que a suposta vítima mente, com intuito de ludibriar a lei. O assunto é muito vasto, e há várias outras formas de crimes contra a dignidade sexual, falei hoje apenas  do crime de estupro, elencado no título VI,  capítulo I, e do crime de estupro de vulnerável elencado no capítulo II do mesmo título. Se desejar conhecer um pouco mais sobre o assunto e sobre os outros crimes sexuais, consulte os artigos 213 à 234 do Código Penal.  







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